Realizador mais velho do mundo em actividade, autor de trinta e duas longas-metragens, Manoel de Oliveira completa hoje 104 anos. Nasceu no seio de uma família da alta burguesia nortenha, com origens na pequena fidalguia. É filho de Francisco José de Oliveira, industrial e primeiro fabricante de lâmpadas em Portugal, e de sua mulher Cândida Ferreira Pinto.
Ainda jovem foi para A Guarda, na Galiza, onde frequentou um colégio de jesuítas. Admite ter sido sempre mau aluno. Dedicou-se ao atletismo, tendo sido campeão nacional de salto à vara, e atleta do Sport Club do Porto, um clube de elite. Ainda antes dos filmes veio o automobilismo e a vida boémia. Eram habituais as tertúlias no Café Diana, na Póvoa de Varzim, com os amigos José Régio, Agustina Bessa-Luís, e outros.
Aos vinte anos vai para a escola de actores fundada no Porto por Rino Lupo, o cineasta italiano ali radicado, e um dos pioneiros do cinema português de ficção. Berlim: sinfonia de uma cidade, documentário vanguardista de Walther Ruttmann, influência-o profundamente. Tem então a ideia de rodar uma curta-metragem sobre a faina no Rio Douro — Douro, Faina Fluvial (1931) foi o seu primeiro filme, que suscitou a admiração da crítica estrangeira e o desagrado dos críticos nacionais. Seria o primeiro documentário de muitos que abordariam, de um ponto de vista etnográfico, o tema da vida marítima da costa de Portugal, motivo repercutido em Nazaré, Praia de Pescadores de Leitão de Barros, Almadraba Atuneira de António Campos ou Avieiros de Ricardo Costa.
Adquiriu entretanto alguma formação técnica nos estúdios da Kodak, na Alemanha e, mantendo o gosto pela representação, participou como actor no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo, vindo a dizer, mais tarde, não se identificar com aquele estilo de cinema popular.
Só mais tarde, em 1942, se aventuraria na ficção como realizador: adaptado do conto Os Meninos Milionários, de João Rodrigues de Freitas, filma Aniki-Bobó (1942), um enternecedor retrato da infância no cru ambiente neo-realista da Ribeira do Porto. O filme foi um fracasso comercial, mas com o tempo daria que falar. Talvez por isso, decidiu abandonar outros projectos cinematográficos, envolvendo-se nos negócios da família. Só voltaria ao cinema catorze anos depois, com O Pintor e a Cidade, em 1956.”
Desde então não parou de rodar e este ano, 2012, realizou dois novos filmes: O Gebo e a Sombra e A Igreja do Diabo.
Parabéns!
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